Escola Oficina
Documentário “A Escola Oficina”, 2023.
“Elas estão ocupadas com algo que gostam, estão a ser capacitadas, estão a aumentar a escolaridade, mas não estão a dar por isso."
A história da Escola Oficina
A ideia do projeto Escola Oficina foi então apresentada ao grupo das 12 moradoras. Apenas quatro delas aderiram inicialmente ao projeto. As restantes aderiram mais tarde, de forma gradual.
A génese da Escola Oficina não é formal, nasce de uma iniciativa espontânea. No início, nem instalações existiam. As atividades começaram no próprio gabinete de Ação Social de atendimento aos moradores do Balteiro, localizado no próprio empreendimento, como conta Diana Mota: “o que na altura tive de fazer foi retirar a sala de espera, onde se fazia o atendimento, num pequeno apartamento T2, e ocupar essa sala com duas máquinas de costura para as mulheres poderem fazer alguns trabalhos”.
Sempre que possível estas quatro mulheres, que aderiram inicialmente ao projeto, eram incentivadas a dedicar parte do seu tempo à execução de trabalhos de costura. Não havia um horário fixo de trabalho e o tempo de atividade de cada aluna variava bastante, sendo gerido consoante a respetivas disponibilidades.
A Gaiurb e as suas técnicas não tinham competências ao nível da costura, por isso, para dar essa formação foi necessário procurar parceiros. O primeiro parceiro foi a empresa SUMA (Serviços Urbanos e Meio Ambiente) que surgiu com o objetivo de ceder o lixo e o desperdício de potencial reutilização. A ideia inicial da Escola Oficina não era apenas a de criar atividades de inclusão, educação e capacitação profissional, era também a de ser um projeto com uma vertente ambiental e de sensibilização para a economia circular.
O parceiro seguinte foi a Escola Artística e Profissional Árvore, que acreditou no elevado potencial da Escola Oficina e aceitou participar numa fase de teste, numa altura em que a Árvore não tinha nenhum financiamento ou apoio para este projeto. Refira-se que a Escola Oficina começou sem qualquer tipo de financiamento. A Gaiurb e estas duas instituições parceiras deram, a custo zero, o pouco que lhes era possível. Assim, foi a partir das sinergias criadas entre estas três instituições, que a Escola Oficina se começou a desenvolver. Diana Mota confessa que o primeiro ano de implementação da atividade foi muito difícil e que teve muitas vezes vontade de desistir.
A principal dificuldade sentida foi a de conseguir criar na comunidade hábitos e responsabilidades de trabalho, uma relação de compromisso com a atividade. De forma a responder a este problema e motivar as formandas, foi-lhes proposto, para além da disponibilização do espaço, ferramentas, material e formação que, no caso de conseguirem desenvolver produtos de qualidade, os mesmos seriam colocados à venda e o dinheiro reverteria para as próprias. E foi assim que, nas palavras de Diana Mota, “a máquina começou a funcionar”.
Entretanto, a Escola Oficina deixou de ter a necessidade de ir ao encontro dos munícipes. São os munícipes que vão ao encontro da Escola Oficina, sendo na sua maioria pessoas numa situação de desemprego; a maioria dos formandos também já não são da habitação social; e há munícipes que são encaminhados para as empresas sem necessitar de qualquer tipo de formação. Refira-se também que a Escola Oficina se relaciona atualmente com perto de 400 empresas, tendo, com cerca de 150 dessas empresas, uma regularidade semanal de trabalho.
* Texto adaptado a partir do artigo científico: Nuno Martins, Daniel Brandão, Leonor Guimarães, Eliana Penedos-Santiago, Emílio Brandão. In Press. «A importância do Design de Comunicação no processo de disseminação de práticas comunitárias em bairros sociais: o Balteiro». Comunicação e Sociedade, 43
Escola Oficina
Fundadora e Coordenadora: Diana Mota
Início da Atividade: 2015
Concelho: Vila Nova de Gaia
Bairro de origem: Balteiro
Localização atual: Rua Virgílio Ferreira 111 A, Vila Nova de Gaia, Portugal
Contacto: T. 227 660 258
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