Escola Oficina

Documentário “A Escola Oficina”, 2023.

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“Elas estão ocupadas com algo que gostam, estão a ser capacitadas, estão a aumentar a escolaridade, mas não estão a dar por isso."

Diana Mota, 2021

A história da Escola Oficina

A Escola Oficina nasceu em 2015, no Bairro do Balteiro, por iniciativa de Diana Mota, à época, técnica de ação social. O projeto surgiu da necessidade de ocupar com atividade laboral um conjunto de 12 moradoras do Balteiro, com vista a uma futura reintegração profissional. Estas moradoras encontravam-se numa situação de desemprego de longa duração.
 
Com esta atividade, pretendia-se criar uma alternativa às atuais formações tradicionais, como as que são oferecidas pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) ou pelos Centros Qualifica, e que motivavam pouco estas mulheres. O objetivo era o de criar uma formação mais prática, informal e entusiasmante. O objetivo era o de criar uma formação mais prática, informal e entusiasmante, como clarifica Diana Mota: “elas estão ocupadas com algo que gostam, estão a ser capacitadas, estão a aumentar a escolaridade, mas não estão a dar por isso.”
 

A ideia do projeto Escola Oficina foi então apresentada ao grupo das 12 moradoras. Apenas quatro delas aderiram inicialmente ao projeto. As restantes aderiram mais tarde, de forma gradual.

A génese da Escola Oficina não é formal, nasce de uma iniciativa espontânea. No início, nem instalações existiam. As atividades começaram no próprio gabinete de Ação Social de atendimento aos moradores do Balteiro, localizado no próprio empreendimento, como conta Diana Mota: “o que na altura tive de fazer foi retirar a sala de espera, onde se fazia o atendimento, num pequeno apartamento T2, e ocupar essa sala com duas máquinas de costura para as mulheres poderem fazer alguns trabalhos”.

Sempre que possível estas quatro mulheres, que aderiram inicialmente ao projeto, eram incentivadas a dedicar parte do seu tempo à execução de trabalhos de costura. Não havia um horário fixo de trabalho e o tempo de atividade de cada aluna variava bastante, sendo gerido consoante a respetivas disponibilidades.

A Gaiurb e as suas técnicas não tinham competências ao nível da costura, por isso, para dar essa formação foi necessário procurar parceiros. O primeiro parceiro foi a empresa SUMA (Serviços Urbanos e Meio Ambiente) que surgiu com o objetivo de ceder o lixo e o desperdício de potencial reutilização. A ideia inicial da Escola Oficina não era apenas a de criar atividades de inclusão, educação e capacitação profissional, era também a de ser um projeto com uma vertente ambiental e de sensibilização para a economia circular.

O parceiro seguinte foi a Escola Artística e Profissional Árvore, que acreditou no elevado potencial da Escola Oficina e aceitou participar numa fase de teste, numa altura em que a Árvore não tinha nenhum financiamento ou apoio para este projeto. Refira-se que a Escola Oficina começou sem qualquer tipo de financiamento. A Gaiurb e estas duas instituições parceiras deram, a custo zero, o pouco que lhes era possível. Assim, foi a partir das sinergias criadas entre estas três instituições, que a Escola Oficina se começou a desenvolver. Diana Mota confessa que o primeiro ano de implementação da atividade foi muito difícil e que teve muitas vezes vontade de desistir.

A principal dificuldade sentida foi a de conseguir criar na comunidade hábitos e responsabilidades de trabalho, uma relação de compromisso com a atividade. De forma a responder a este problema e motivar as formandas, foi-lhes proposto, para além da disponibilização do espaço, ferramentas, material e formação que, no caso de conseguirem desenvolver produtos de qualidade, os mesmos seriam colocados à venda e o dinheiro reverteria para as próprias. E foi assim que, nas palavras de Diana Mota, “a máquina começou a funcionar”.

Posteriormente, a escola começou a trabalhar com o tecido empresarial. Através desse contacto, a Escola Oficina apercebeu-se da falta de costureiras em algumas empresas. A escola procurou então ir respondendo a essa lacuna, formando e integrando as suas alunas nessas empresas. Registe-se também que algumas alunas foram conseguindo obter algumas encomendas fora da escola. Nestas situações, a Escola Oficina manteve o apoio, contribuindo assim para a emancipação profissional, e para criação de negócios próprios, por parte das formandas.
 
A escola começou com a atividade da costura, tendo posteriormente sido alargada à cartonagem. Entretanto, em 2016, a Escola Oficina saiu do Bairro do Balteiro, mudando de instalações para Santo Ovídeo, no centro de Vila Nova de Gaia. A escola alargou também o seu atendimento, abrangendo não só os munícipes do concelho, mas também todos os interessados. A atividade da escola também deixou de ser limitada à da costura e à cartonagem (embora continuem a ser as atividades principais). O objetivo passou a ser o de conseguir dar a melhor resposta possível a todos os que necessitam de formação e de apoio na inserção no mercado de trabalho, independentemente da área. Se a escola tiver recursos internos, nomeadamente na formação, o apoio é dado internamente, caso contrário a escola encaminha para toda a sua rede social.
Entretanto, a Escola Oficina deixou de ter a necessidade de ir ao encontro dos munícipes. São os munícipes que vão ao encontro da Escola Oficina, sendo na sua maioria pessoas numa situação de desemprego; a maioria dos formandos também já não são da habitação social; e há munícipes que são encaminhados para as empresas sem necessitar de qualquer tipo de formação. Refira-se também que a Escola Oficina se relaciona atualmente com perto de 400 empresas, tendo, com cerca de 150 dessas empresas, uma regularidade semanal de trabalho.
 
 

* Texto adaptado a partir do artigo científico: Nuno Martins, Daniel Brandão, Leonor Guimarães, Eliana Penedos-Santiago, Emílio Brandão. In Press. «A importância do Design de Comunicação no processo de disseminação de práticas comunitárias em bairros sociais: o Balteiro». Comunicação e Sociedade, 43

Escola Oficina

Fundadora e Coordenadora: Diana Mota

Início da Atividade: 2015

Concelho: Vila Nova de Gaia

Bairro de origem: Balteiro

Localização atual: Rua Virgílio Ferreira 111 A, Vila Nova de Gaia, Portugal

Contacto: T. 227 660 258